MAZE RUNNER: A CURA MORTAL | OPINIÃO

janeiro 24, 2018
Na passada terça-feira, 23 de Janeiro, graças ao jornal Jankenpon, estive presente na antestreia do último filme da trilogia Maze Runner, "Maze Runner: A Cura Mortal". Nesta publicação vou expor a minha opinião do filme, e fazer uma pequena comparação com livro, sem revelar spoiler.


Já tinha o livro parado na minha estante há bastante tempo e como gosto sempre de ler para ver decidi pegar nele. Infelizmente não o consegui terminar, e li apenas 128 páginas até entrar na sala de cinema, por isso, em relação ao livro apenas posso comparar o filme com aquilo que já li.

Já sabia que ia ser diferente. O segundo filme seguiu um rumo completamente distinto do livro, o que levou a que o segundo capítulo da saga tivesse um desfecho completamente díspar. Devido a isso, obviamente que  o argumento deste terceiro e último filme encaminharia a narrativa num caminho completamente oposto.

Por ter consciência de que aquilo que estava a ler não seria levado totalmente para o ecrã, não fiquei incomodado com a ideia de interromper a leitura para ver o filme, e como era uma antestreia não podia adiar o visionamento do filme.


Não vou negar que o facto do início do filme ser completamente diferente do livro me fez soltar pequenas risadas, apesar de estar mentalizado e com baixas espectativas, queria ver o que é que eles tinham inventado para além da história original. Fez-me muita confusão eles estarem a tentar resgatar o Minho, quando no livro ele não foi sequer "raptado" (não é spoiler; está no segundo filme e também é mencionado no trailer).

Senti falta de uma breve contextualização dos acontecimentos anteriores, e não foi por mim, mas sim pelos possíveis espectadores que tenham decidido ver "Maze Runner: A Cura Mortal" sem ter visto os filmes que o antecedem.

Nota-se um claro amadurecimento do elenco, mas também do realizador. "Maze Runner" foi a estreia de Wes Ball no cinema, e agora, quatro anos depois do lançamento do primeiro filme, o realizador americano confirma as suas aptidões cinematográficas num filme extremamente bem conseguido e equilibrado.

Tenho acompanhado a evolução do Dylan O'Brien, e admito que fiquei surpreendido com a prestação dele neste filme: a personagem que interpreta, Thomas, tem dois momentos completamente distintos: uma fase mais contida/calma e um outro estado de exaltação. Neste filme há imensas sequências de acção e inúmeros momentos dramáticos, o mais fantástico é que a versatilidade do ator permite-lhe dominar ambas as partes.

Mesmo sendo o protagonista, Dylan O'Brien não rouba completamente a atenção do espectador e deixa muito espaço para que este aprecie as prestações dos restantes clareirenses embora, Thomas Brodie-Sangster e Kaya Scodelario se destaquem entre eles.


Visualmente o filme que encerra esta trilogia está excepcionalmente bem conseguido: desde o contraste acentuado entre os tons quentes e frios, passando pela brilhante execução das cenas de ação e culminando na excentricidade dos efeitos visuais. Não posso deixar de mencionar que assim que nos é apresentada "a última cidade", somos instantaneamente atirados para referências como a cidade "Blade Runner", a Cidade Esmeralda de "O Feiticeiro de Oz", o Capitólio de "Os Jogos da Fome", não só pelas suas semelhanças visuais, mas também pelo seu objetivo na narrativa.

É um filme que estima as "clássicas" técnicas já conhecidas dos filmes de acção, com uma belíssima fotografia, que, aliada à banda sonora e aos efeitos inerentes provoca reações imediatas e envolve o espetador num ambiente completamente hostil, mas simultaneamente agradável e coerente.

Acho que acima de tudo é um filme comedido. Há momentos para rir, para chorar e para suster a respiração, sem que algum deles se sobreponha ou se anule. Há espaço para o espetador sentir sem que se veja obrigado a permanecer num espaço de caos.


Enquanto adaptação cinematográfica do livro de James Dashner não acho que o filme sirva esse propósito. Consigo entender como alguns dos planos contêm parágrafos de descrição, mas provoca-me uma ligeira confusão este argumento que altera drasticamente a história original.

Senti que, T.S. Nowlin, o argumentista (que felizmente foi o mesmo do segundo filme) quis preservar a base da história original mantendo alguns elementos-chave, mas não achei suficiente para que lhe possamos chamar 'adaptação cinematográfica'.

Na minha opinião, podemos dizer que "Maze Runner: Provas de Fogo" (que no cinema não foram provas nenhumas) e "Maze Runner: A Cura Mortal" são extensões da história de James Dasher: o argumento serve-se de uma ideia geral, de alguns aspectos essenciais e das personagens para desenvolver uma outra história.

Neste caso, afirmo que pode ser uma jogada pertinente, no sentido comercial, uma vez que o visionamento do filme não interfere (diretamente) com a história original, possibilitando assim que os fãs da saga possam conhecer outros pontos de vista e outros acontecimentos através do livro.

Uma alteração que me agradou imenso foi, o facto de não terem destacado o triângulo amoroso entre Tereza/Thomas/Brenda. Isso veio evidenciar a relação entre o Thomas e o Newt. Acho que o argumento, nesse aspeto, priveligia a história original, visto que esse bromance está muito presente nos livros. É uma relação muito bonita e muito sólida que nos mostra a essência de uma amizade (e resultou muito bem no ecrã).

No livro também temos acesso a sonhos/flashbacks do Thomas (e só quem ler o livro sabe o quanto a memória é importante na história), mas infelizmente eles não existem no filme, o que me desiludiu ligeiramente porque acho que são essenciais para compreender, não só, o passado da personagem, mas também, as motivações da C.R.U.E.L..

No final do filme, senti-me completamente satisfeito com a conclusão. Acho que agradará os fãs da saga (que ficaram desiludidos com o segundo filme) porque, mais do que finalizar a trilogia perfeitamente, nota-se um cuidado e uma vontade de respeitar todas as personagens e a sua trajetória.


Posto isto, posso dizer que, apesar de o ano ter começado há pouco, "Maze Runner: A Cura Mortal" já se tornou um dos meus filmes favoritos de 2018. Acho que é, sem dúvida, um filme que justifica uma ida ao cinema. Tive a oportunidade de ver o filme em 3D, porém, não recomendo o visionamento do mesmo nesta tecnologia; para além de ser mais caro, não há nada no filme que o justifique.

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